Fome
de ler e transcender
Primeira
noite de evento do 15º Encontro Regional do PROLER abre com música.
A Banda Municipal de Blumenau executou
músicas de diversos estilos, incluindo a canção We
are the world,
composta por Michael Jackson e Lionel Richie. A banda, que neste ano
completa 50 anos de existência, encantou a plateia e foi aplaudida
de pé.
Neste
ano, o evento homenageia o escritor Bartolomeu Campos de Queirós.
Lembrado por meio de um banner com foto e frase do escritor e também
por um varal composto de livros do autor. Após a apresentação da
banda, Aroraima Prado, integrante do comitê do PROLER, fez a leitura
da obra Coração não toma sol, de Bartolomeu.
O
mestre de cerimônias apresentou um resumo dos dez anos de PROLER, em
seguida, os integrantes do comitê foram apresentados. A coordenadora
do Comitê, Sandra Cristina da Silva, ressaltou em seu discurso, que
nós, mediadores de leitura, precisamos desatar os nós existentes
entre nós e os leitores, para que a possibilidade da leitura
aconteça.
Viegas,
mediador da noite, iniciou a palestra com algumas provocações
direcionadas à palestrante, Maria Antonieta da Cunha, coordenadora
geral da Diretoria do Livro, leitura e literatura do Ministério da
Cultura. Essas provocações giraram em torno da pesquisa Retratos
da leitura no Brasil, realizada pelo Instituto Pró-livro, da
qual Maria Antonieta é consultora.
A
palestrante afirmou que não se surpreendeu com os índices baixos de
leitura apontados na última pesquisa, ou seja, não é novidade que
o brasileiro lê pouco. Ela esclareceu que algumas quedas nos índices
se justificam pela metodologia utilizada e, também, por diversos
fatores, como a época em que foi aplicada, ampliação da faixa de
população com mais idade, dentre outros. Segundo ela, é difícil
avaliar a leitura, pois há muito mais nuances a serem observadas,
além das possíveis de constatação em uma pesquisa.
Maria
Antonieta da Cunha fez referência ao livro (e também ao filme) O
carteiro e o poeta, de Antonio
Skármeta, que originalmente se chamou Ardiente
paciencia, para justificar que é disso que o mediador de leitura
precisa: ardência e paciência. O trabalho de formar leitores é um
caminho longo, mas apaixonante, com possibilidade de flores ao final.
A
palestrante centrou sua apresentação nos quatro eixos do Plano
Nacional do livro e Leitura (PNLL): Democratização do acesso,
Fomento à leitura e à formação de mediadores, Valorização do
livro e comunicação e Desenvolvimento da Economia do Livro. Ao
final, defendeu que a biblioteca deve ter a cara do lugar, ou seja,
ter acervo condizente com as necessidades da comunidade em que está
inserida, e isso requer investimento. Disse que é preciso haver
“cabeças boas” atuando como mediadores de leitura, não
necessariamente um professor ou bibliotecário, pois nem todo
professor e bibliotecário são apaixonados por leitura. Assim, o
mediador de leitura ideal seria aquele que tem ardência e paciência,
aquele que já vivenciou a transcendência da arte de ler, sentiu a
fome da leitura e, por isso, quer conquistar o mundo de leitores.
Suzana
Mafra